sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Dias de vendaval

Para este fim de semana, um conto com todo jeito (e gostinho!) de aconchego.
Um beijo. Até.

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Dias de vendaval[i]
Clarice Reichstul

É madrugada, quase de manhã. Chega debaixo da porta fechada o barulho da cocheira, dos mugidos das vacas, dos cascos na pedra. Daqui a pouco as crianças se levantam animadas, pulando da cama para começar o dia. Invariavelmente ele começa com uma caneca de leite tirado direto da vaca. Alguns preparam a caneca com café e açúcar para receber o leite espumante. Outros vão com o leite puro mesmo.
Em volta das vacas, os bezerros esperam impacientes. As "crianças bezerro" se fartam de leite e já saem correndo terminado o café da manhã. O dia está só começando e tem muita coisa pra fazer: dar milho às galinhas, pescar, construir cidades de barro, fazer corrida de carrinho, subir na árvore, andar a cavalo, buscar verdura na horta. Férias na fazenda é tudo isso e muito mais. Tem mexerica na matinha em volta da casa, vamos lá buscar? Espera aí que agora a gente vai até a cachoeira, pode ser na volta? Hoje a Dirce vai assar um bolo pro lanche da tarde.
O dia passa num vendaval, quando vamos ver está todo mundo enlameado, reclamando de cansaço e pronto pra tomar um banho. No jantar, os bocejos se misturam à fome, e rapidinho os ânimos azedam. Hora de escovar os dentes, ir pra cama, ouvir uma história e dormir. Os sonhos na fazenda são cheios de aventuras maravilhosas -uma continuação do dia que passou ou uma preparação para o dia seguinte, qual dos dois? Não importa, porque amanhã começa tudo de novo.





[i] Publicado na Folhinha do dia 30/06/12 – coluna “Cafuné”

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