quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Um conto de Natal

Oi, gente...
Fiquei um tempão sem postar nada por duas razões: falta de tempo e de diposição. Felizmente agora as coisas estão voltando ao eixo e cá estou!
O Natal já passou, mas assim mesmo quero lhes deixar um conto muito bonito de um escritor que eu adoro: o Bartolomeu Campos de Queirós. Infelizmente ele nos deixou há quase 1 ano, mas felizmente a obra dele está ao alcance das nossas mãos, dos nossos olhos e continua tocando nossos corações.
Desejo que a paz tão desejada no Natal nos acompanhe em  todos os dias do ano 2013. Feliz Ano Novo a todos!
Um beijo.

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O galo e o menino
(Bartolomeu Campos de Queirós)

Disseram-me que foi o Galo. Era meia-noite. Ele bateu as asas, levantou o pescoço. De sua garganta saiu uma melodia tão bonita que acordou até a noite. Seu canto deu uma volta ao mundo e despertou o sol, a lua, o mar, as estrelas e tudo o que habitava a Terra. E mesmo os anjos, que passeavam invisíveis pelos ares, tomaram de suas flautas e sopraram o "O Glória a Deus das Alturas". Três Reis vivendo em terras do outro lado do mundo, se encantaram com música assim tão doce, que cortava o vazio. Crianças, pastores, ovelhas, pescadores, lavadeiras, pássaros, todos olharam para a noite clara. Só podia ser um aviso do céu, pensavam e oravam. E lá no meio do firmamento, brilhava uma imensa estrela derramando sua luz sobre uma gruta. E dentro da gruta, um tesouro. Todos partiram, guiados pela beleza, para ver o que acontecia debaixo da luz da estrela. Cuidadosos, entraram devagarinho gruta adentro. De um lado da manjedoura, havia uma Mulher. A Mãe era mansa como o silêncio. Do outro lado, um Pai vigiava o Menino com um olhar doce como a paz. Um boi e um jumento, engasgados pela alegria, contemplavam o Filho e ruminavam encantamento. E o Menino, deitado entre palhas e outras brancuras, recebia as visitas - animais e humanos - como irmãos. Se houve choro, foi só de alegria. Todos ofereceram presentes ao Menino: mel, flor, leite, tâmara, figo, pano para protegê-Lo. Era tudo o que tinham naquele canto pobre do mundo. Os marinheiros trouxeram estrelas que haviam caído no mar. Os pastores ofertavam as ovelhas feitas de algodão. Os passarinhos aflitos piavam perguntas ao Menino. Só os Reis, montados em camelos, chegaram dias depois, trazendo, nas mãos, incenso, brilho e perfume.
O Galo - ah! o Galo - continuava vaidoso na porta da gruta. Havia anunciado a chegada de Deus na terra, vestido de Menino Jesus. O Galo sorria, sem penas, para todos. Seu coração estava cheio de milagre. Nada poderia interromper o mistério daquele Natal - cacarejava. E assim foi e assim é. Ninguém jamais poderá apagar dos ouvidos, dos olhos, dos corações, aquele definitivo presente de Natal. O Menino nos foi enviado em segredo para não nos assustar com sua fortuna. Não houve tapetes, orquestras, palácios, guerras. Naquela noite feliz, nasceu um Menino-Rei capaz de reinar para sempre. Em cada Natal, todos os meninos, de todas as partes do mundo, afinam os ouvidos. Menino não se espanta com mistério. O Galo volta a cantar e a amarrar o mundo com sua voz. É bom ficar atento para escutá-lo. E o resto - o resto da história - o coração reinventa.

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